Período passado na faculdade eu trabalhei em um projeto de criação de uma residência estudantil. Digo com toda sinceridade que foi um dos períodos mais puxados da faculdade, mas sem dúvida foi o melhor de todos. No 4º e no 8º período a FAU-UFRJ trabalha com uma grade horária um pouco diferente dos demais períodos, o que chamamos de “Atelier Integrado”. A diferença é que temos várias matérias interligadas. Um único projeto se aplica à todas as matérias e durante o período temos 3 bancas de avaliação. Nelas expomos os nossos projetos perante os professores e alunos e temos um tempo curto de 3 minutos para falar tudo o que consideramos relevante sobre o nosso projeto. Acreditem, esse é o momento de maior desespero do período. Alguns escrevem em um papel o que vão falar, outros preferem falar o que vier à mente na hora. Eu fui uma das pessoas que escolheu a segunda opção. É claro que eu esqueci de falar várias coisas, mas graças a Deus eu tive a ajuda dos professores, principalmente do meu professor de projeto, para destacar aspectos importantes do meu projeto que no momento, por conta do nervosismo, eu não pude falar.
Sendo assim, eu resolvi criar esse post falando um pouco sobre o projeto e sobre a representação gráfica que eu utilizei na criação dele.
Sobre o projeto:
O projeto está localizado no bairro do Flamengo, em um terreno ao lado do edifício do Oi Futuro e do IAB-RJ. O conceito do edifício está conectado ao entorno imediato através da sua volumetria. Essa ligação ocorre principalmente por meio do eixos que cortam o prédio do Oi futuro. Eles se estendem até o edifício e faz parte da sua composição volumétrica. Além disso, a sua fachada é permeável, permitindo a entrada de luz e ventos. Com isso, a fachada funciona como um exoesqueleto que envolve todo o edifício – daí o nome “Exus” (Éksus). Nesta primeira prancha (do total de 16), eu mostro como foi feito o desenvolvimento do volume:

Quanto a parte gráfica, funcionou da seguinte maneira:
1. Desde o início eu decidi trabalhar com cores fortes. Eu escolhi trabalhar com o preto, o laranja e o branco. Essas eram as cores que eu queria levar até o fim, porque para mim era um desafio criar uma composição com essas cores. Eu sempre trabalhei com cores claras, seguindo um conceito mais clean. Mas eu queria fazer algo diferente, por isso escolhi essa paleta.
Para a volumetria da prancha 1, eu trabalhei com o sketchup, utilizando a opção de sketch no style. Para fazer o mapa de localização, eu acessei o site www.mapas.rio.rj.gov.br e capturei a imagem do meu terreno, em preto e branco. Abri no photoshop e comecei a pintar o que precisava estar em destaque, no caso as ruas e os edifícios. Depois inseri a imagem do meu projeto que eu tinha no sketch (que na verdade havia sido importado do revit) e inseri no mapa.
Para as referências, eu quis destacá-las trabalhando com círculos. Fiz isso no photoshop e destaquei, através de linhas laranjas e brushes de setas os elementos que eu havia utilizado no meu projeto.
A imagem principal foi renderizada na nuvem do revit. Eu não tive muito tempo para trabalhar nela o quanto eu queria. Por isso ficou bastante simples, destacando mesmo o edifício, que era o elemento principal da imagem.

2. A partir da segunda prancha eu comecei a falar um pouco sobre o projeto paisagístico do entorno. Comecei pelo básico: mostrando através de gráficos como funcionava a ideia dos eixos, da circulação, da insolação, vegetação e ventos. Tudo isso em diagramas. Por isso, como eu disse nesse post, diagramas são fundamentais!
Segui adiante inserindo um pequeno texto sobre a conceituação do espaço livre. Como eu tinha muita informação para inserir nesse espaço, como a tabela, o mapa, as imagens conceito e as referências, eu decidi dividir esse conteúdo em 3 colunas. Justifiquei o texto, numerei as imagens conceito e conectei esses números ao mapa. Para as referências, trabalhei novamente com círculos.
Imagens conceito:




As imagens conceitos foram feitas no início do período. Eu gastei a cerca de 4 horas para criar cada uma. Foram feitas no photoshop, utilizando basicamente a imagem perspectivada que eu tinha tirado da maquete feita no sketchup e outras imagens em .PNG, como grama, árvores e figuras humanas.
3. Na prancha em que eu mostro o plano de cotas, eu resolvi trabalhar com cores claras em que fosse possível fazer uma leitura das cotas da planta. Eu utilizei também fotos da maquete e fiz uma ligação entre a foto e o local de onde eu tinha tirado a foto. Especifiquei nas áreas em preto a materialidade, já que eu também queria chamar um pouco de atenção para a materialidade e o fundo preto me fornecia exatamente esse destaque.

4. Na quarta prancha eu especifiquei a materialidade dos elementos do entorno. Para a criação dos detalhes eu trabalhei basicamente com o Revit. Todas as perspectivas foram renderizadas na nuvem do Revit. A vista no rodapé da prancha foi criada no sketchup. A materialidade, as árvores e as figuras humanas foram inseridas no photoshop.

5. Para especificar a vegetação, eu exportei do sketchup uma imagem do topo da área do projeto. No photoshop eu apliquei texturas e árvores, de acordo com a minha planta do plano de cotas. Criei duas perspectivas da vegetação no photoshop e especifiquei em cima da própria implantação as espécies vegetais através de fotos.

6. Para a iluminação, eu trabalhei com uma vista noturna que eu criei no revit. Para essas imagens eu tive que gastar um tempo em pós-produção no photoshop, porque era a primeira vez que eu criava uma perspectiva noturna e não estava tão segura se iria conseguir fazer. Mas o resultado final me agradou bastante.
Para a implantação eu inverti as cores da imagem que eu tinha da implantação e inseri diversos pontos amarelos. Nesse post eu explico como criar esse tipo de luz.

7. Para os cortes e vistas, eu resolvi trabalhar com cores e texturas, de modo a humanizar a imagem bruta que eu tinha exportado do Revit. Para isso eu criei uma camada para cada elemento que eu tinha (como portas, janelas, vidros, pilares, etc) e apliquei em cada uma uma textura diferente. Para finalizar, apliquei um fundo de céu em preto-e-branco, para destacar ainda mais o edifício.

8. Para a representação da estrutura, eu utilizei o Revit. Fui na vista em 3D e escondi todos os elementos do meu projeto, menos o piso, os pilares e as vigas. Depois apliquei uma materialidade transparente no piso para dar o efeito que eu queria:

9. Para a fachada, eu criei 4 imagens que mostravam as suas camadas. Essas imagens também foram criadas no revit, mas sem renderização. O detalhamento eu também criei no revit (apesar de ter ficado 4 horas fazendo e ter que encarar um problema no Revit que fez com que eu perdesse tudo e fizesse de novo. Levei um dia inteiro para me recuperar psicologicamente dessa tragédia). Depois que eu refiz o detalhamento, eu criei uma imagem no photoshop com círculos que ampliavam o detalhamento.

10. Nessa segunda parte do projeto eu trabalhei com perspectivas e plantas, tanto técnicas como estruturais. Para cada prancha eu utilizei uma imagem renderizada do Revit e trabalhada no photoshop.


Subsolo – Com biblioteca, jardim, restaurante e área administrativa
Térreo – Com recepção e exposição


Primeiro pavimento – Com 4 apartamentos, área de estar e quartos acessíveis
Detalhamento dos apartamentos e detalhes técnicos dos banheiros



Planta do pavimento tipo que conta com quartos, área de estar e lavanderia, planta da cobertura e planta do saneamento predial.
Bem, eu realmente espero que os comentários que eu fiz aqui no post sobre esse projeto ajudem vocês a pensarem não só como conceituar o projeto de vocês, mas que ajude a pensar como representar graficamente todas as ideias que vocês têm no decorrer do desenvolvimento dele. Aprender a conectar os pontos, a estabelecer uma linha de pensamento e dar uma cara única para o seu projeto vai não só valorizá-lo, como também fará com que você consiga mostrar aos outros o que você tem em mente sobre o seu projeto.
Caso você queira visualizar esse projeto em uma resolução melhor, você pode clicar aqui e dar uma olhada! 🙂
Fora isso, eu realmente gostaria de agradecer aos meus professores que me ajudaram nessa incrível caminhada: Bernardo Vieira, meu professor de Projeto, Carlos Henrique, de Paisagismo, Luiz Alberto, de Processos Construtivos, Sylvia Rola, de Saneamento Predial, Maria Cristina de Teoria, Gustavo Pimenta de Gráfica Digital e Reila Velasco de Concepção Estrutural. Obrigada por terem me escolhido para a exposição. Nela eu estou expondo não só o meu projeto, mas o trabalho, profissionalismo e empenho de vocês em fazerem ele dar certo. O mérito é de vocês também!
Gostaria também de agradecer à Revista Espaço por divulgar este projeto no site na revista. Deixo aqui o meu agradecimento.
É isso pessoal! Fiquem atentos aos novos posts do site, tem muita coisa boa vindo por aí!
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Abs!
Marina 🙂